quinta-feira, 10 de junho de 2010

Erros corrigidos


Julguei, erradamente, que as palavras eram bengalas. São uteis para quem não conhece os seus passos, para quem tropeça em mentiras, para quem não sabe onde está nem para onde vai, mas isso foi algo que eu julguei. Hoje julgo que nós somos certos, e quando falo em nós, refiro-me a « Eu e TU » E julgo também que temos passos firmes, que usamos bengalas só com os outros. Julgo que somos desprovidos de artifícios. Que é nua a tua alma perante a minha. Que é nua a minha alma em frente à tua. Julgo que nos aguentamos, sem bengalas. Que são fortes as tuas pernas e certos os meus passos. Seguiste-me ou eu segui-te, e desde então vejo-te sempre à minha frente. De mãos dadas, lado a lado. Sem bengalas. Sem palavras. Não sei distinguir os momentos exactos em que fraquejamos, nem porque fraquejamos mas sinto-te inúmeras vezes balançar ao meu lado, mas páras logo de seguida, perdes-te mas encontras-te, ali comigo, e eu encontro-me em ti, sempre que me perco também. Nunca senti que nos perdemos por inteiro, talvez porque nunca aconteceu, foi apenas suposição. Tu estás aí para mim. Eu estou aqui para ti. Quando estamos juntos, esqueço-me e foco-me em ti e aquele momento prolonga-se por demasiado tempo, num sítio que não me recordo agora, não perdemos os passos porque nós caminhamos juntos mesmo quando estamos parados. Os caminhos tornam-se a direito e deixa de haver indicações para nós. Gosto de nos deixar por lá, perdidos, porque no fundo nunca nos perdemos. Gosto de cair contigo continuamente, porque a tua mão segura-me sempre e de uma maneira ou de outra tu seguras-me, não chego sequer a um palmo do chão. Gosto de pedir-te ajuda, e gosto quando me pedes porque o que é certo é que não precisamos dela, nem precisamos de bengalas para segurar o carinho que nutrimos um pelo outro. Diferenciamo-nos no uso de palavras, equilibras-me quando te fazes ouvir, porque ao contrário de mim tu usas palavras. Eu penso que há grandes amores que acabam assim, quando deixa de haver magia. Tu dizes-me que muitas vezes nem começam pela falta de brilho. Que se afastam sem saberem, que quando caiem já não mais há mais nada para os reerguer. Não tenho medo que o nosso acabe muito antes de começar, porque estou segura de que entre nós o fim não existe, mas, se algum dia eu perder os passos, tropeçar e cair, se algum dia eu tiver que com os passos pouco certos e muito apressados, trazer uma bengala na mão para me amparar, se algum dia deixar de ser eu despida de artifícios, ou tu deixares de ser tu não me importarei de te estender a mão quando me pedires, não me importarei de não ser espontânea nos meus actos. Nesse dia, vou sentar-me ao teu lado para discutir os próximos passos, não ficarei triste por já não ser indiscutível o nosso caminho, por não ser certo e sem mapa. Quando nos reerguermos, de bengalas em punho, não me importarei de precisar de ajuda, se essa ajuda for a tua e não me importarei de te falar disso. Quando todos os passos que se seguirem foram dados de mapa na mão, não vou desanimar por já não sabermos o caminho de cor, porque isso é ser forte, é saber levantar depois de cair. Sei que as pessoas vão falar de nós no futuro, e que as meninas vão sonhar em ser eu, por ter alguém como tu ao meu lado. Perco todos os medos no teu abraço. Esqueço o mundo quando me dás a tua mão. Juntos escolhemos o nosso caminho, e ele só não é mágico porque como uma vez eu escrevi, a magia não está no caminho, está em nós.
Amo-te muito.Amo-te mesmo.

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